sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

É Natal...

      

       Este ano, criei  a minha árvore de Natal.  Saiu um emaranhado de ponta-cabeça. Melhor que o desenho foi o comentário de Patativa no twitter: "Você é uma anarquista!". Pronto. É isso aí. Já que não nasci pra ser artista, vou sendo anarquista...






P.S.: Não bastasse a postagem atrasada, é certo que esta árvore não sairá de cena no Dia de Reis.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobre homens e gatos



Gatos não gostam de ignorantes.
                
               Antes de terminar de ler uma matéria sobre preconceito, chamou-me a  atenção um detalhe que estava em destaque na página. Dizia assim: " O preconceito se exprime sempre que alguém afirma não ter preconceito. E isso ocorre em tudo, até no mundo animal. Já percebeu que há mais cães do que gatos nos lares do planeta?". Bom, eu não conheço todos os lares do planeta. Também desconheço qualquer pesquisa a respeito. Mas, já notei como é comum pessoas não gostarem de gato. Já perguntei a várias delas. Geralmente as que criam cachorro detestam gato. E a gente não precisa, muita vezes, sequer indagar. Logo dizem que o gato transmite muita doença, que é muito individualista, que não gosta do dono. Enfim, um monte de despautérios.
               Mas por que será que as pessoas preferem os cães aos gatos?! Provavelmente porque nunca tiveram um. Na minha casa, quando criança, chegamos a criar 17 gatos. Quem tem gata sabe como elas engravidam numa tremenda velocidade. É sempre uma barriga atrás da outra. Eu não sei a periodicidade, mas sempre tínhamos filhotes em casa. Afinal, eles iam nascendo e ficando... 
               Por lá, passaram Xuxa, Zezé, Clodovil, o Barateiro e outros que não receberam nome. Um dado importante é que os nossos gatos não viviam- acho- mais que três anos. Quase todos os dias aparecia um morto. É que os vizinhos davam a chamada bola, que é carne com veneno ou vidro triturado, para matar os animais. Eles, os vizinhos, não deviam gostar daquela gataiada fazendo barulho. E eu sempre estava a tirar par ou ímpar com a minha irmã pra decicir quem ia fazer o buraco e enterrar o animal da vez. Era assim.
              Uma pessoa não gostar do animal é admissível. Matar e maltratar  não é.  Foi o que vi um taxista fazer: Peguei o táxi na rodoviária. Quando vínhamos na Beira-Rio, perto da lombada eletrônica, o motorista mirou o gato que ia atravessando a rua. Ele não freou ou desviou do gato porque não quis. Simplesmente passou por cima do animal. Eu quando vi que o gato ia atravessar ainda disse baixinho "o gato...". Mas, ele friamente o atropelou. Calei-me, porque pra mim quem mata um bicho por prazer mata qualquer pessoa.
               Eu não sei se há mais mais cães do que gatos nos lares do planeta. Poderia até fazer uma pesquisa na internet para encontrar a resposta. Deve ter um censo sobre isso. Será?!  Não consegui justificar o porquê de se criar um gato. Mas, posso  dizer que ele não dá azar; que é um animal extremamente dengoso e carinhoso; que é uma delícia ouvir o ronronar deles; que eles são limpos e cheirosos.
               Agora, se você não gosta de gato por puro preconceito, tá tudo certo...  Cada um na sua. Os gatos odeiam ignorantes, dizem... E eu acredito!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tela e o vestidinho azul


Tela sentada no muro da casa da tia Antonieta.

          Hoje, Dia das Crianças, me veio a vontade de "scannear" a foto que vocês vêem postada acima. Deveria ter uns quatro anos. É do tempo em que eu brincava na Praça João Pessoa. Ia para lá nos finais de semana, antes (ou quase sempre) dava uma passadinha na casa de tia Antonieta, uma colega de infância da minha mãe.
          Ainda tenho o vestidinho da foto. Ele é azul, com aplicações de florzinhas brancas, feito num tecido grosso como um brim. Uma graça. E os sapatinhos?! Lindos, não?! Eram vermelhos. Lembro do quanto reclamava deles, usei até ficarem apertados. Mainha dizia, em resposta às minhas queixas,  mais ou menos assim: "Esses pés que não param de crescer!".
          Eu me achava muito forte. Via a minha mãe magrinha... e a achava muito fraquinha. Eu reclamava que ela me botava no colo e me deixava escorregar. Aliás, eu só vivia pendurada nela. Não queria conversa com ninguém.  Mas, segundo ela, eu era um amor de menina, desde que me tratassem com carinho. Era mesmo! Não dava trabalho, só era mais danada que a minha irmã. Esta era uma santa.
           Não deve ter sido um tempo fácil. Morávamos na casa na minha avó paterna, mas eu não lembro muito bem dela. Só sei que quebrei o hidrômetro que havia no jardim daquela casa. Eu o achava lindo. Fazia um barulhinho ótimo, e eu o queria só para mim. Foi então que meti o martelo, quebrei o "relogiozinho" e não tive força para arrancá-lo. Fiquei frustrada e ainda levei uma palmada da minha avó. Ela, inteligentemente, inventou para um funcionário da Cagepa que um ladrão havia feito aquilo. Ai, ai... Vocês acham que ele acreditou?! Também acho que não... Mas, enfim, não quero muito lembrar dessa época. Não acho que foram as mais felizes. Quero registrar mesmo esse vestidinho lindo que vocês vêem na foto. Eu gostava dele.


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quebec na tela: a grande sedução


Filme que abriu a mostra "Québec na Tela" no Espaço Cine Digital.

          A sedução, segundo o dicionário Aurélio, é algo que atrai ou encanta de forma ardilosa,  inclinando artificialmente para o mal ou para o erro. Pois bem, eu até achava que se poderia usar dessa possibilidade para fazer o mal. Porém, não entendia a sedução exatamente dessa forma. Contudo, aprendi que quem busca a sedução, de fato, tem sempre a intenção de ludibriar.
          Hoje vi um filme interessante acerca do tema na mostra "Québec na Tela – Ciclo de Cinema Quebequense" que entrou em cartaz no Espaço Cine Digital em João Pessoa.  "A Grande Sedução", do diretor Jean-François Pouliot, foi o longa exibido nesta noite de abertura do evento.
          A história se passa na pequena ilha de St. Marie-La-Mauderne, um local esquecido da província de Quebec. Na trama, seus 110 moradores que vivem do seguro-desemprego fazem de tudo para seduzir um médico a permanecer no local, para que seja possível a instalação de uma fábrica para gerar emprego e devolver a dignidade aos habitantes da Ilha.
          No filme, é divertido ver como eles fazem de tudo para maquiar o local para convencer o médico de como o lugar é maravilhoso: desde fazer de conta ser o críquete uma tradição local até a criar a  possibilidade de se encontrar - diariamente - dinheiro em calçada quente...
           "A Grande Sedução" valeu como carta de apresentação para quem se interessa pela sétima arte prestigiar até o fim o "Ciclo de Cinema Quebenquense", que prossegue amanhã com "Bon Cop, Bad Cop"; sábado com "C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor" e por último, no domingo (03/10), "As Invasões Bárbaras". Os filmes são exibidos- em parceria com a Aliança Francesa- sempre a partir das 19h00 . A entrada é gratuita.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sempre é tempo de estar em Paris

          
    
          Mês que vem é o meu aniversário. E uma prima já me adiantou o presente que vai me dar: ela vai a Paris. Sim! Não é maravilhoso esse presente?  Na falta da possibilidade de eu ir, ela vai. E já está bom para mim. Paris é um sonho. Um lugar que nunca fui, mas sei que é lindo. Ficarei, então, imaginando-a  curtindo o outono parisiense, com as folhagens secas das árvores e toda a sua luminosidade...
          Eu não sei exatamente  como e o que ela pretende descobrir no país do "Liberté-Egalité-Fraternité". Mas, estar por lá já é bom, não?!? Passear pelas margens do Sena, ver a cidade do alto da Torre Eiffel, beber ou comer (qualquer coisa) naquela cidade, ir aos museus e galerias de artes, respirar o ar parisiense...
          Em "Paris é uma festa", o escritor Ernest Hemingway descreve que na capital francesa a pessoa terá sempre uma fome danada, porque todas as padarias exibem coisas maravilhosas em suas vitrinas e que muitas pessoas comem ao ar livre. Lembrarei de alertar a minha prima. Afinal, ela não foge à regra do "não- quero-engordar".
         Um conhecido me contou que um amigo dele sempre teve o sonho de conhecer a capital francesa. Só que quando botou os pés lá, olhou em sua volta e disse: "Isso é Paris?! Que m!... ".  É muito provável que ele tenha saído de algum lugar que era uma tremenda m..., e que o excremento não saiu dele. Deve ter sido isso.
         Prefiro acreditar que Paris não acaba nunca, como escreveu Betty Milan; e que um dia estarei por lá. Certamente, direi (silenciosamente): "Hello, Hemingway!... Sempre é tempo de estar em Paris".



PS.: Veja que bonito:
       " Se você teve a sorte de viver em Paris, quando jovem, sua presença continuará a acompanhá-lo pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa móvel." (De Ernest Hemingway a um amigo, 1950).  Fica a dica para ler o livro.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Magritte nos liberta

       














René Magritte
A Violação, 1934.

          Quando criança gostava muito de pintar e desenhar. Fazia por prazer, nem tanto pelo talento. Tinha mania de colorir as capas das provas e sempre me dava bem em Educação Artística, matéria que muitos detestavam. Uma vez, não sei em qual disciplina, fiz um desenho, a pedido da professora. O clássico infantil: a casa, uma criança, o céu estrelado e o Sol (a maior de todas as estrelas), o que resultou no seguinte comentário- por escrito- da educadora: " Decida se é dia ou noite". Na hora, apesar de ter gostado do meu desenho, ela me induziu a concordar com o ponto de vista dela. É que eu não sabia defender aquilo que eu via e de que a arte de René Magritte existia. Nem ela também (tadinha infinita...).
           Tem uma tela dele (postada ao lado) que sou apaixonada: O Império das Luzes, de 1954. Nela, você tem uma cena noturna, em que aparece o interior da casa iluminado pelas luzes artificiais sob um céu claro de um dia azul. Foi a partir do conhecimento dessa tela que lembrei daquele meu desenho infantil. Tudo bem que não tinha o talento magritteano. Mas, estava presente ali a liberdade de expressão, o pensamento possível ou visível daquilo que vai além do real. Crianças e artistas são assim mesmo: livres de atitudes e pensamentos. É por isso que eu amava quando a minha sobrinha- por volta dos cinco ou seis anos- fazia uma ressalva antes de contar uma história real: " Eu não sei se eu sonhei, pensei ou inventei". Então, eu ouvia e sorria. Coisa de quem conhece a liberdade.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Simplesmente É...

       
   Antiga mesa de um desenhista.

          Dizem que quando a morte está próxima passa um filme em nossa mente; e que uma luz sedutora nos convida a acompanhá-la. Hoje, tive a notícia da morte de uma pessoa querida. E, apesar da morte não ser minha, o filme da vida dela passou para mim, com uns "stops" daquilo que presenciei. Imagino que na dela também.
          Cena 1- Elias posando com uma arraia (morta) numa praia.
          Cena 2- Elias cozinhando, num fogo improvisado, o jantar.
          Cena 3- Elias dirigindo mal e se abestalhando no trânsito ao ver uma mulher passar.
          Cena 4- Elias comprando bobagens para a gente comer.
          Cena 5- Elias fazendo churrasco.
          Cena 6- Elias criando as nossas capas de trabalhos escolares.
          Cena 7- Elias desenhando...
          São muitas as cenas que me vêm à mente agora. Elias era um crianção. E a maioria das lembranças são de "bobagens". Não tem nada tão sério, porque ele era assim. Desenhista nato, Elias trabalhou na profissão de projetista por décadas na seção de Engenharia da sede dos Correios e Telégrafos em João Pessoa. Com a chegada das "novas" tecnologias não sei como era desempenhado o trabalho dele, pois as minhas lembranças são das canetas de nanquim e dele trabalhando numa mesa enorme, sobre a régua T e folhas gigantes de papel vegetal. Tinha uma lapiseira que só os profissionais- ao menos eu imaginava- usavam. Ela era de ferro e ficava fixada na mesa. Para usá-la, inseria-se o lápis e girava a manivela. Era assim que se apontava o lápis grafite. Nem sei se esse tipo de apontador existe mais. Deve estar obsoleto também.
          Mas falar de Elias é lembrar das peripécias dele no seu fusca azul. Juntamente com ele, passamos poucas e boas. Aliás, ele e carro (não) se entendiam. Certa vez, mainha conversando com ele- sabendo o quão esculhambado era o fusca- cogitou a possibilidade de uma das rodas se soltarem. Ele respondia: " Jane, na história da Volkswagen NUNCA se ouviu falar que uma roda tenha se soltado de um carro. " Pois, isso aconteceu. A minha mãe só viu a roda passando na frente dela e logo em seguida o carro pendendo prum lado.
          No assoalho do carro dele havia uns buracos enormes. E nos dias de chuva, de dentro do fusca, era certo molhar os pés e as pernas. Num dia desses, ele deu carona a umas moças. A gente só via que elas se entreolhavam. É que, ao passar pelas ruas alagadas, as meninas se surpreendiam com o jato d'água nas canelas. Outra vez, percorremos cerca de 50 metros e tivemos que parar por causa do barulho. Havia algo se arrastando... Era a bateria. Uma parte do assoalho do carro não aguentou o peso. Ele rapidamente voltou em casa e providenciou uma grelha de churrasqueira. Pronto, estava feito o apoio para a bateria. E a vela!? Minha Nossa!... Como a vela do carro dele "saltava". Era a explicação que ele nos dava quando ouvíamos o pipoco. Eu só sei que ele improvisava tudo naquele carro: tinha uma mola perto do motor que ele substituía facilmente por uma liga de borracha; os pedais eram presos por um cordão, senão arriavam. Enfim, o carro andava... E isso já era o bastante.
          Numa das últimas vezes que falei com Elias- isso faz muito tempo- perguntei pelo "azulão". Ele me disse sorrindo que o fusca tinha pegado fogo (coisa pequena) nas imediações do Conjunto dos Bancários. E que, por fim, ele tinha desistido dele. Imagino que não tivesse mais como improvisar com aquele carro. Já com a saúde dele, também não foi diferente. Não houve mais a possibilidade de improviso. O coração - orgão vingativo que é- não perdoa a quem não está em dia  com ele. Elias morreu no sábado, aos 60 ou 61 anos. Não mais que isso.   E se ele assistiu ao filme da sua vida antes da morte, certamente ele viu muito do que me lembrei. Acredito que uma luz bela e brilhante tenha vindo buscá-lo. É o que dizem que acontece com as pessoas que não fazem o mal nesta vida. Com Elias deve ter sido dessa forma. Um ambiente plasmado de pranchetas, nanquins e de coisas belas deve estar pronto para acolhê-lo. Ele era uma pessoa do bem. Era simplesmente "É". Eu o chamava assim, quando menina. E em breve deve ter um monte de crianças ao redor dele fazendo o mesmo. É!...
   

P.S.: Elias era um cavalheiro... Sempre descia para abrir a porta do carro para gente. Porém, os desavisados não sabiam que não podia ser diferente. É que o trinco da porta caía quando batíamos para fechá-la, e ficava perdido ali dentro...

         

Coisas que vi

                                          Atenas - Terra Socrática que ainda vou percorrer.  
                       
          Numa fase da vida gostei muito de colecionar cartão-postal. A maioria de cidades. São tantos os lugares. Há ainda muitos que só conheço por fotos. Tem uns ótimos daqui de João Pessoa, de quando a cidade completou 400 anos, selado com a mesma imagem do cartão.  Há uns que são comemorativos, outros de arte e uns conceituais (meio duvidosos...).  Mas, eu já tive vontade de me desfazer deles. Tinham- de certa forma- perdido o sentido para mim; não tinha um lugar adequado para guardá-los e nunca achei um álbum ou coisa parecida para valorizar a minha coleção. Ficava tudo dentro de um saco plástico. Como disse, tinha sido uma fase. Viajei várias vezes e não mais comprei postais. A minha coleção ficou empacada. Vários amigos também esquecerem de me mandar cartões e as suas impressões por onde passavam. Acho que deixou de ser um hábito. Ou, então, deixei de ser lembrada nas viagens deles. 
         Sábado, eu tava lendo um texto de Luiz Alberto Marinho que fala sobre colecionadores e a sua arte de preservar, controlar ou manter vivo algo que vai se perder... Foi aí que peguei os meus postais. Nossa!... Comecei a reler vários. Encontrei coisas que nem imaginava mais existir. Tinha um de Piguinho para Piguinha, e eu nem sabia que eu já tinha sido a Piguinha de alguém. (risos); um outro de uma amiga que me apresentava a sua nova casa (Manaus), onde assinalava- no postal- o itinerário que fazia diariamente; e um lindo da minha mãe - na sua primeira visita a Floripa- em que dizia que melhor do que a Ilha só eu, a minha irmã e o sofá da nossa casa. Encontrei outros, que eu também não lembrava, de um colega da UFPB. - Alô, Fabiano! Tem postal seu comigo!
          Após ver e reler os meus postais,  logo, logo  encontrei um lugar adequado para eles. Coloquei-os numa caixinha de madeira, organizados de A a Z. Decidi que não vou mais me desfazer deles. De fato, lembrar é viver duas vezes (no mínimo!). E eu não quero esquecer tanta coisa bacana que vi ou vivi, porque coleção é algo para ser visto, ou melhor, vivido sempre que puder e quiser. É para isso que servem as coleções. Eu até me arrependi de ter destruído o álbum de fotos que fiz do exímio nadador Ricardo Prado e os recortes - que guardei por tanto tempo- do Menudo. Este último, depois que entrei na minha primeira faculdade me dava repulsa só de lembrar que um dia fui fã do grupo portorriquenho. Bobagem pensar assim. Hoje, vejo que não deveria ter me desfeito de nada.
           Vida longa aos colecionadores! 

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A morte da morte

                                                                                           
         Tema difícil de ser tratado e vivenciado, a morte - ainda assim-  está presente nas nossas vidas. E é sobre o assunto que o educador Eugenio Mussak  fala com racionalismo e maestria acerca dessa possibilidade (certeza!) em artigo publicado na revista Vida Simples deste mês. Entre citações de Epicuro, Freud e Woddy Allen- este quer ser imortal não pela sua obra, mas pela sua não-morte -, o que me agrada também  no texto é o chamamento à reflexão sobre o que é estar vivo.
          Além de amainar o tema, Mussak nos faz ver o quão errado é sofrermos por aquilo que não controlamos. Que errado mesmo é morrer antes de morrer. E diz mais:   "morrer antes de morrer é não encarar a vida com humor e gratidão, é perder a oportunidade de deixar este mundo melhor com a própria presença. ".
           A morte não é fácil; tampouco a vida.  E eu tenho muito o que  aprender com Eugenio Mussak ou com a própria vida. Mas, antes, eu quero a morte da morte. Quero a poesia! Quero a  "re-presença" do poema. Quero a presença (dele!).
           Sim! Quero o grito. Não a dor.


 
  P.S. : A foto é do belíssimo filme "A Partida".

quinta-feira, 8 de abril de 2010

SincereAir - a melhor companhia

         Tava lendo uma matéria da revista Super Interessante sobre como cai um avião. O assunto, é claro, me interessa demais. Sou aficionada por aeronaves, como disse em postagem anterior. Desta vez, quero demonstrar a minha paixão por textos que me dão prazer e que muitas vezes são a melhor companhia. E em homenagem ao Dia do Jornalista (ontem),  publico, agora, a abertura da matéria, feita por Bruno Garattoni e Sylvia Estrella, que me fez viajar...
         " Senhores passageiros, sejam bem-vindos. Em nome da SincereAir, a companhia aérea que só fala a verdade, peço sua atenção para algumas instruções de segurança. Primeiramente, gostaríamos de parabenizar os passageiros que estão sentados no fundo da aeronave - em caso de emergência, sua chance de sobreviver será bem maior. Durante a decolagem, o encosto de sua poltrona deverá ser mantido na posiçõa vertical. Isso porque, em nossa e moderna frota de aeronaves, as poltronas da classe econômica são tão apertadas que impedem a evacuação da aeronave em caso de emergência. Na verdade, se a segurança fosse nossa maior prioridade, colocaríamos todos os assentos virados para trás. Metade do ar dentro da cabine é reciclado, o que nos ajuda a economizar combustível. Isso poderá reduzir a taxa de oxigênio no seu sangue, mas não costuma ser perigoso - e geralmente causa uma agradável sonolência. Mantenha o cinto de segurança afivelado durante todo o voo - ou você poderá ser vítima de turbulência, que é inofensiva para a aeronave, mas mata 25 passageiros por ano. Lembramos também que o assento de sua poltrona é flutuante. Não que isso tenha muita importância: a probabilidade de sobreviver a um pouso na água com um avião grande é mínima (geralmente a aeronave explode ao bater na água). Obrigada por terem escolhido a SincereAir, e tenham todos uma ótima viagem!".
          A SincereAir é uma ficção. O resto é verdade.
      
          P.S: - Dedico o post a todos os jornalistas e aos que gostam de voar.
                  - A matéria completa e outras verdades estão na Super Interessante de dezembro de 2009.

terça-feira, 23 de março de 2010

Cinema e avião: ervas daninhas...

         Cartaz do filme 
                    

            Quem me conhece sabe que nos últimos dois anos não tenho acompanhado os filmes "comerciais" que entram em cartaz nos cinemas de João Pessoa. É que a as melhores salas de exibição da cidade ficam num shopping que eu não frequento. Mas, tenho ido ao Cine-teatro Bangüê. Foi lá que vi neste último final de semana o divertido filme francês "Les Herbes Folles". Aqui no Brasil, "Ervas Daninhas". 
                      Não é uma comédia. É um filme que traz personagens diferentes e curiosos. Não sei dizer exatamente por que gostei. Mas, no geral, sempre que vejo bons filmes, como o de Alain Resnais, saio do cinema voando... E umas das identificações que tive com este filme: as personagens principais têm fascínio por avião. Uma é piloto; a outra voa...
              Eu também!... Cresci com um grande fascínio pelas aeronaves. Sempre achei lindo e maravilhoso vê-las no ar. A minha paixão maior sempre foi por aeronaves grandes, dessas que fazem voos comerciais. Sabe, viajar de avião já foi um grande " glamour". As pessoas se preparavam para o grande dia.
             Na minha primeira viagem de avião, me deparei com um texto que foi feito para mim. Era um artigo no qual o autor tratava da seriedade que era voar, sob o prisma de quem - assim como eu - morria de medo de viajar de avião. Tudo o que o autor descrevia parecia comigo. Tão parecido que me identifiquei, prontamente, quando ele disse que não cabia diversão durante uma viagem aérea. E, por ironia do destino,  logo, logo me deparo com uma situação nada confortável...
             Numa conexão em Guarulhos para Floripa, muito congestionamento no ar, e nada de autorizarem a nossa decolagem, aí já viu... Demora. Demora. Demora. Foi aí que o comandante da aeronave, para aliviar o estresse dos passageiros, ainda na pista,  liberou uísque  para todos. E  na aerononave havia ainda uma cantora da "Ilha da Magia" a bordo. Pronto! Tava feita a festa. Era todo mundo bebendo, cantando até a hora da decolagem. Difícil foi para as aeromoças passarem os procedimentos de segurança do voo. Qual não foi o meu medo, você pode imaginar, por ver aquele relax todo num momento que exigia tanta seriedade.
              O trecho São Paulo- Floripa foi uma diversão só, para aqueles que não sabiam o quão sério é voar. Naquela época eu pensava assim. Foram 50 minutos com medo que algo desse errado. Sim, porque para quem pensava como o autor daquele artigo de jornal, qualquer descuido na atenção de quem voa poderia levar a algo que desse errado. Um sentimento de respeito (seriedade) tinha que se fazer presente entre os passageiros, para que tudo terminasse muito bem, como forma de merecimento.
               Eu não preciso dizer que, apesar da festa a bordo,  deu tudo certo naquele Boeing 737-200 da Varig com destino a Florianópolis. Afinal, contei um pouco da história... Mas que voar é coisa séria ou de louco, isso é!
              Veja o filme. Você vai concordar comigo.  

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Seriguela, caloi e radiola



           Esta semana  vi uma foto de uma pessoa que me deu saudade dos meus velhos tempos de infância. Nela, a pessoa aparece sentada embaixo de um pé de seriguela. A foto me fez lembrar das minhas férias na Olinto Meira, em Natal. Uma rua onde morava a minha tia Miriam. Na casa dela havia um quintal enorme, onde conheci  a árvore de frutinha gostosa.  Foi lá que aprendi a comer seriguela vermelha, amarela e verde. 
           Na casa, havia poucas opções para as crianças, até porque as minhas primas já eram adolescentes. Mas, havia uma Caloi. E era nessa bicicleta que  batíamos o bairro todo. De uma vez só, eram três na bicleta: um pedalando em pé; outro sentado no selim e mais um no bagageiro. E o mais engraçado: um ou dois correndo atrás da bicicleta (os menores e mais inocentes). Ao todo eram quatro crianças e mais a minha prima Alessandra, adolescente e dona da bicicleta. É claro que Alessandra comandava a trupe! E era ela quem quase sempre pedalava a Caloi, para a nossa indignação.
            Bacana foi a noite em que uns amigos da minha prima Patrícia apareceram lá na casa com um violão... Devia ter algum paquerando-a. Ela era uma gracinha. E eles, pra mim, eram uns príncipes. É claro que as crianças não puderam ficar por muito tempo no meio deles. Um outro dia gostoso  foi a "festa de arromba" que houve na casa para comemorar os 15 anos de Alessandra, ao som do Bee Gees. O auge era o "Dancing Days": discoteca, meia colorida brilhante e tomara-que-caia...
           Outras lembranças boas: a vitamina de banana e do pão com ovos mexidos que Patrícia fazia, todas as manhãs, pra gente; dos doces que eu "roubava" de Alexandre; de quando eu  e minha irmã íamos acompanhar, num fusca, a entrega de marmita que tia Miriam fazia. Afinal, passear de carro era tudo!... Todavia, nem todas as lembranças da Olinto Meira são boas. Foi lá que ia sendo atropelada por um Fusca ( esse carro devia estar na moda), o que me rendeu um castigo. Lembro ainda que a rua era larga e calçada; o bairro era Barro Vermelho e que tinha um colégio lindo de freiras bem próximo ou na mesma rua. Também lembro do quanto a estada em Natal melhorava quando a minha mãe chegava para nos visitar. Com ela por perto tudo ficava mais gostoso.
          Mas uma das melhores lembranças, além das do pé de seriguela, é de quando Ildete, uma amiga da minha tia, botava para tocar na radiola laranja "Jovens Tardes de Domingo" (com o Rei). Hummmm... Eu amava ouvir! Dava uma nostalgia daquilo que nem sequer havia vivido. Pequena que era,  não tinha a noção de que era uma espécie de preparação para o que sou hoje. Saudade.


P.S: Para ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=YBSIZm_rFjE&feature=player_embedded  

                        http://www.youtube.com/watch?v=w2oa_rc6Afs&feature=player_embedded
                 
                                                           

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O belo Louis Garrel


Louis Garrel em La Belle Persone

     Você já sonhou em ter uma sala  de cinema só para você?!  Desistiu do sonho porque seria caro demais?! Então, meu caríssimo amante da sétima arte, seus problemas "acabaram-se"... Você pode ter isso por muito pouco, pagando irrisórios 6 reais (inteira) ou o irrisório pela metade, se for estudante.
     Não, não falo de mais uma oferta das Organizações Tabajara e nem de um mais novo serviço "delivery" tipo: cinema em casa. Mas, sim, do novíssimo Cine-teatro Bangüê, na capital. De novidade mesmo só algumas pequenas reformas e o acréscimo na definição do espaço como teatro. No mais, "é tudo de novo de novo". Pouca, pouquíssima gente ou quase ninguém para assistir aos filmes exibidos por lá. Ainda bem! Eu que sou meio "egoísta" acho um prazer ver aquele espaço quase que só pra mim. Mas, não deixo de lamentar pelos que não conhecem ou pelos que não valorizam um lugar tão agradável e acessível e pelos que não se dão a possibilidade de ver filmes que não entram em cartaz nas salas de multiplex.
     Da última vez que estive no Bangüê, vi A Bela Junie. Na verdade, belo mesmo é o senhor Nemours (Louis Garrel). O título original é La Belle Persone, com direção de Christophe Honoré. Não vou aqui discorrer acerca do filme. A minha intenção, neste momento, é registrar o espaço agradável que temos (de volta) para ver filmes "alternativos". Também não vou fazer uma análise do porquê que o local é tão pouco frequentado. Contudo, fica a dica: vá ao Bangüê. Quem sabe você não terá a possibilidade de ter um cinema só pra você?! O que não é de todo ruim... Aliás, eu acho ótimo!
     Se quiser ver o trailler de A bela Junie click no link: http://www.youtube.com/watch?v=m-MSSOCrb14 .Já eu... Bem...Vou procurar encontrar outros trabalhos de Christophe Honoré e do belo Louis... Gamei!...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Assim como Tomie Ohtake...


                                                                                                Tela de Monet

     Sou uma tela mondriana. Tenho no olhar a harmonia da medida e das cores. Mas, quando faço parte da cena, a minha percepção se apresenta como uma pintura de Monet. Amo como Dalí. E, quando criança, misturava a noite com o dia como ninguém... Magritte é o meu limite!
     Gosto de árvores, dos seus nomes e codinomes. Já das ruas, só as que levam o nome.
     Acredito em quase tudo o que me dizem, embora, hoje, seja levada muito mais pelo olhar, pelo toque e pelas sugestões. 
     Paro para ver o que está além das esquinas;
     Olho da janela do quarto o verde do mar e as possibilidades;
     Escuto o que a minha intuição diz e muita coisa que faz bem à alma.
   Sigo vivendo... E assim como Tomie Ohtake, mesmo tarde, as coisa boas sempre "chegam" pra mim.
     Não tenha inveja. Nada é fácil.